Faço hoje minha estreia como colaborador desse blog, atendendo ao chamado de minhas queridas irmãs, Annie e Lizze.
A maneira que encontrei para colaborar com o Flor de Mandacaru foi escrever sobre literatura e filosofia, que são as minhas principais áreas de trabalho. Sendo assim, explico as razões de minha primeira postagem.
Quando estava em viagem na terra dos mandacarus, ouvi uma conversa de minhas irmãs sobre certos irmãos Baudelaire, eu que estava justamente levando em minha pequena bagagem dois livrinhos do poeta francês de mesmo nome. Um dos livros se chama As Flores do Mal, o outro, O spleen de Paris. Pequenos poemas em prosa. Sucintamente explicado, seguem duas traduções minhas de poemas de Charles Baudelaire.
A tolice, o erro, o pecado, a sordidez,
Dominam espíritos e agitam corpos
E alimentamos nossos amáveis remorsosComo os mendigos nutrem seus vermes
Nossos pecados tenazes, nossas mágoas,
Generosos fazemo-nos pagar nossos engodos,
E alegremente entramos no caminho de lodo,
Crendo com lágrimas vis lavar nossas máculas.
Sobre a fronha do mal está Satã Trimegisto
Que embala a fio nosso espírito encantado,
E é o rico metal de nossa vontade
Tornado vapor pelo sábio alquimista.
É o Diabo que empunha os fios que nos moem!
Em objetos torpes atração achamos
Cada dia um passo ao Inferno descemos,
Sem repulsa, por entre trevas que fedem!
Como o debochado pobre que come e beija
O seio martirizado da antiga caftina,
Queremos passar um prazer clandestino
Que forte premimos como velha laranja
"O que tu mais amas, homem enigmático, diz? Teu pai, tua mãe, tua irmã ou teu irmão?
- Eu não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
- Teus amigos?
- Tua pátria?
- Eu ignoro em qual latitude ela está situada.
- A beleza?
- Eu a amaria de bom grado, deusa e imortal.
- O ouro?
- Eu o odeio, como o senhor odeia Deus.
- Ah! o que tu amas então, extraordinário estrangeiro?
- Eu amo as nuvens… as nuvens que passam… longe… longe… as maravilhosas nuvens!"